7 SEGREDOS PARA SOLUÇÃO DE CONFLITOS EM FAMÍLIA
- Rochelle Jelinek

- 15 de dez. de 2020
- 5 min de leitura

Conflitos em família não estão só em ações judiciais. Todos temos conflitos, em maior ou menor grau.
Como podemos quebrar padrões negativos de conduta e abordar proativamente os problemas encontrados em nossa vida cotidiana?
Adoro buscar outras fontes e estudos de outras áreas para expandir o pensamento. No artigo Lessons in Domestic Diplomacy do jornal New York Times[1], Bruce Feiler, autor de “The Secrets of Happy Families“[2], enfoca a resolução de conflitos familiares em casa.
Seus conselhos de negociação, colhido de suas próprias experiências em família, bem como das suas pesquisas em negociação no Programa de Negociação de Harvard, são na verdade bastante simples em sua aparência, mas difíceis na prática.
Para alcançar a paz relativa, controlar e administrar o conflito à medida que ele irrompe é essencial para uma resolução eficaz do conflito.
A resolução de conflitos não existia como um campo de estudo quando éramos crianças, mas hoje uma nova geração de estudiosos pensou ferramentas que podem ajudar a fazer a paz entre as partes em conflito, incluindo cônjuges, irmãos, pais. É possível construir uma discussão familiar melhor, que leve menos tempo, deixe menos cicatrizes emocionais e restaure mais rapidamente a harmonia. Todas as famílias têm conflitos. Aqueles que controlam e administram esse conflito podem tornar sua família mais feliz, e saber fazer gestão desses conflitos pode até evitar um divórcio ou um rompimento.
Feiler destaca algumas áreas principais onde as famílias precisam ser cuidadosas:
A ZONA DE COMBATE DAS 19H
Dois psicólogos em Chicago, Reed Larson e Maryse Richards, fizeram um estudo em que constataram que as maiores brigas dentro das famílias explodem quando as pessoas estão saindo de casa pela manhã ou retornando no final do dia. Sempre que as pessoas estão dizendo olá ou adeus, ficam especialmente vulneráveis a emoções intensas, dizem eles. Observar isso, e evitar lidar com quaisquer conflitos durante esses momentos, diminuirá muito a probabilidade de erupção de uma discussão contenciosa e improdutiva.
O período de maior carga do dia é entre 18h e 20h, segundo os pesquisadores. Os homens disseram que estavam estressados naquela hora, mas na verdade gostavam de voltar para casa, enquanto as mulheres realmente ficavam estressadas porque era o pior momento do dia: o seu "segundo turno" do trabalho doméstico e do cuidado. A lição: espere até que todos estejam alimentados, mudem de roupa e tenham algum tempo privado, para só depois conversar!
CUIDADO COM A POSTURA
Na clássica luta das 19h, muitos estão em uma mesa, cercados por equipamentos de informática, ou esparramados no sofá, com os pés para cima e as mãos atrás da cabeça. Pessoas nessas posições têm testosterona elevada, cortisol reduzido e sentimentos aumentados de superioridade, disseram os pesquisadores, enquanto as outras pessoas da família ficam na defensiva e ressentidas. Que ficar focados nos equipamentos eletrônicos sem dar atenção aos demais é um problema, já sabemos.
O conselho dos pesquisadores: para uma conversa significativa, todos devem sentar-se no mesmo nível, com a mesma postura. Sentar lado a lado também aumenta a colaboração. Exatamente como se fazia antigamente.
Bruce Feiler leva esse conselho para as negociações: Cuidado para não se aproximar ou ser percebido como alguém que está acima ou abaixo de contraparte em qualquer conflito, e isso inclui o local que está sentado. Isso garante que não pareça nem muito dominante nem muito passivo no conflito, permitindo assim um ambiente mais colaborativo. Se você realmente deseja sinalizar a disposição de colaborar com sua contraparte, experimente sentar-se lado a lado.
CUIDE ONDE SENTA
Não é apenas como você se senta; é sobre o que você se senta. Um estudo feito por professores do MIT e de Harvard mostrou que quando as pessoas se sentam em uma “cadeira de madeira dura”, elas são mais rígidas e inflexíveis. Quando se sentam em uma "cadeira com almofadas macias", são mais confortáveis e generosos. Você já tinha pensado nisso?
Dica: Se você quiser conversar sobre um assunto difícil, sente-se em cadeiras almofadadas ou em um sofá, porque a tendência é que não será tão doutrinário e estará mais aberto às opiniões dos outros. Não é palpite, é neurociência.
VÁ PARA A VARANDA
William Ury lembra, no livro Como Chegar ao Sim, que em discussões mais acaloradas, muitas vezes é melhor para você se imaginar mentalmente fora da discussão e "ir para a varanda" ou retirar-se da situação – física e psicologicamente - para ter uma visão mais ampla do conflito. Quando envolvido em uma discussão acalorada, muitas vezes é muito fácil se perder nos microdetalhes que bloqueiam os esforços de resolução do problema. Ao sair do atoleiro, você se dá a oportunidade de abordar o problema de maneiras novas.
Nas negociações ou conflitos mais acalorados, geralmente é aconselhável que ambas as partes façam uma pausa nas discussões quando as coisas parecem que podem se tornar muito caóticas ou que as negociações podem descarrilar.
A REGRA DOS TRÊS MINUTOS
Quando alguém tenta encerrar logo uma discussão, a outra parte pensa: “Espere, tenho mais sete pontos que quero discutir.” O pesquisador John Gottman, da Universidade de Washington, descobriu que os pontos mais importantes em qualquer discussão podem ser encontrados nos 3 minutos iniciais. Depois disso, as pessoas apenas se repetem em decibéis cada vez mais altos. Assim como os boxeadores lutam por apenas três minutos por rodada, as partes podem fazer o mesmo. E depois seguir o conselho de William Ury: ir para varanda.
A ÚNICA PALAVRA QUE NÃO SE DEVE DIZER NUMA DISCUSSÃO
Embora se apressar em uma discussão possa ser bom, evite certas palavras, ou pelo menos uma palavra: “você”. Os pronomes são pólvora na mina de carvão do conflito. Vários estudos de psicologia mostram que o uso de pronomes de primeira pessoa ("eu" ou "nós") é sinal de uma comunicação saudável e eficiente, e, por outro lado, o uso de muitos pronomes de segunda pessoa - “Você sempre diz isso” ou “Você nunca faz isso” - é um sinal de má comunicação e difícil maneira de resolução de problemas. Para buscar a solução de um conflito, pare de dizer “você” e diga "eu me sinto assim...".
PEÇA DESCULPAS
Sheila Heen, docente do Programa de Negociação de Harvard, lembra em seu livro Conversas difíceis que o pedido de desculpas tem duas funções na gestão de conflitos: demonstrar arrependimento e assumir a responsabilidade pelas consequências de nossos atos. Não importa a disputa, geralmente é necessário que alguém assuma a liderança na busca por uma mudança colaborativa na resolução de conflitos . Freqüentemente, é mais fácil assumir a liderança quando sua contraparte sabe que vocês dois estão dispostos a admitir os erros e assumir a responsabilidade por eles.
O conflito pode separar pessoas, mas quando se administra da forma certa, ele pode aproximar.
[1]Este post foi escrito e adaptado a partir do livro abaixo e do artigo do New York Times https://www.nytimes.com/2013/04/14/fashion/negotiating-peace-at-home.html [2] Feiler, Bruce. The Secrets of Happy Families. Editora William Morrow & Company, 2013.




Comentários