PERGUNTAS SÃO AS NOVAS RESPOSTAS
- Rochelle Jelinek

- 8 de nov. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 10 de set. de 2021
BOAS IDEIAS VÊM DE BOAS PERGUNTAS

Se buscarmos a origem da maioria das inovações, sua base veio de boas perguntas. Pense nessas perguntas:
1. E se juntássemos MP3, máquina fotográfica e telefone em um só aparelho?
2. Como podemos viajar de maneira mais barata ou monetizar nosso apartamento?
Você provavelmente já sabe quais foram as respostas, certo? Perguntas estão na base da inovação. As perguntas são as novas respostas.
Além de serem importantes para inovação, elas estão se tornando uma fonte de sobrevivência. E isso se torna cada vez mais evidente quando analisamos a vida moderna. Resolver problemas complexos e lidar com mudanças repentinas já são uma realidade. Precisamos nos adaptar constantemente.
E as perguntas são excelentes ferramentas para isso, elas nos permitem organizar os pensamentos acerca do que não sabemos.
Aprendi que estratégia em negociação não é somente definir o que fazer, mas também o que não fazer. Existe uma enxurrada de informações e o mais importante é parar e pensar no que questionar. E é aí que entra o valor das perguntas. É aí que começamos a nos diferenciar.
Pesquisas mostram que crianças de 4 anos fazem em média 300 perguntas por dia, porém a partir do momento em que elas vão para a escola isso cai muito, chegando a um número cada vez menor e segue assim na faculdade. Mas qual a razão disso? O que acontece é que fomos educados a valorizar apenas as respostas, enquanto as boas perguntas não tem valor.
Além disso os professores estão tão limitados a seguir o plano de aula formatado, que não há tempo para perguntas fora do script.
Veja-se o método de ensino na Harvard Law School. Ao contrário das aulas expositivas das faculdades de Direito no Brasil, em Harvard é utilizado o método de aprendizagem ativa PBL (Problem Based Learning), cuja característica está centrada em problemas vivenciados e contextualizados ao conteúdo para encorajar os alunos a desenvolverem pensamento crítico e habilidades de solução de problemas. É baseado em discussão promovida e mediada pelo professor, entre ele e seus alunos. Antes de cada aula, os alunos devem ler os livros, textos e casos previamente indicados pelo professor. Nas aulas há questionamentos, discussão de casos, simulações de casos. É um sistema focado em encorajar a pensar, questionar, decidir. Boas perguntas são feitas pelos professores estimulando os alunos a fazerem um brainstorming e pensarem em soluções criativas. É o oposto do ensino por aqui baseado no binômio aula expositiva + "decoreba" para provas.
Uma boa pergunta gera movimento, tira as pessoas do conforto, faz elas se mexerem, pensarem diferente, ativarem outras partes do cérebro.
As perguntas podem nos ajudar no processo de decisão, processo de criação, conexão e liderança.
Existem 4 perguntas cruciais que se deve fazer para desenvolver uma ideia criativa: Por quê? Por que não? E se? Como? Essa ordem permite que se siga a lógica de questionar a atual situação (“por quê?”) e possibilita a percepção de uma nova realidade através do “porque não”? Por fim, é necessário pensar no modo ou no processo a ser seguido, questionando “como” colocar em prática a ideia.
Outra técnica que ajuda a pensar a partir de perguntas se chama 5W2H, vinda da Administração e que pode ser utilizada nas negociações, relacionada às expressões em inglês: What, Why, Where, When, Who, How e How much. São perguntas óbvias mas que muitas vezes são esquecidas. Cada questão adiciona uma clareza e entendimento do problema.
E por fim, a nova versão do brainstorming, a técnica question burst, ou rajadas de perguntas. Quanto mais perguntas inusitadas em menos tempo, maior a chance de se encontrar uma solução criativa antes não pensada para um determinado problema.
Referência:
BERGER, Warren. Uma pergunta mais bonita. Editora Aleph, 2019.




Comentários