POR QUE ALGUNS CHEGAM AO TOPO E OUTROS NÃO
- Rochelle Jelinek
- 10 de fev. de 2022
- 4 min de leitura
Atualizado: 28 de mar. de 2022

Por que alguns chegam ao topo, enquanto outros não passam da média? Como podemos ser bem-sucedidos na vida pessoal e profissional?
Sempre ouvimos que as pessoas bem-sucedidas têm três coisas em comum: motivação, engenhosidade e oportunidade, aliadas a trabalho duro, talento e sorte. A crença comum é de que o sucesso se constrói através de muito esforço, conhecimento e um ou dois diplomas e vários certificados.
A verdade é que essas hard skills levam apenas até um certo degrau intermediário. Dali em diante, o que conta para subir outros degraus são as habilidades intra e interpessoais – as soft skills (habilidades comportamentais e sociais) e as core skills (habilidades intrapessoais e atitudes) – e as redes de contato construídas.
E não estamos falando de networking como uma tarefa em busca de favores ou interesses, e sim interagir de forma generosa e interessada (não interesseira) numa rede de relacionamentos. Networking pressupõe acesso, escuta, troca, influência, colaboração.
A mentalidade certa para desenvolver essa habilidade de conexão é o primeiro passo, e aqui vão algumas estratégias para desenvolvê-la:
1. O segredo do sucesso é a generosidade
Mais do que procurar o nosso próprio sucesso devemos ajudar os outros a alcançar o deles de forma altruísta: fazer indicações, descobrir habilidades, gerar contatos. Mas devemos ajudar os outros sem ficar à espera de um retorno desse favor. Interessar-se genuinamente pelas pessoas e oferecer ajuda, contato, informações. Perguntar mais do que falar e ter de fato interesse pelo outro. Fazer a nossa parte sem esperar retorno. O gatilho da reciprocidade e a rede de contatos se encarregarão do retorno. Segundo Adam Grant, em seu best seller “Dar e Receber”[1], os tomadores (aqueles que só buscam os outros por interesse) vêem suas redes definhar com o tempo e os trocadores (que focam nos benefícios com trocas) só chegam até um nível intermediário.
2. Construir uma boa rede de networking
Um passo para isso é organizar uma lista de contatos com os nomes de todas as pessoas que vamos conhecendo ao longo da vida, com o maior número de dados sobre uma pessoa, registrando o nome e algum pormenor que caracterize essa pessoa e que nos faça lembrar dela. Ter uma boa rede passa por conhecer o maior número de pessoas possíveis, pois quantas mais pessoas conhecermos, mais oportunidades podem existir. Basta lembrarmos da teoria dos seis graus de separação: no mundo, são necessários no máximo seis laços de amizade para que duas pessoas quaisquer estejam ligadas.[2]
3. Ser genuíno
É fundamental reconhecer o valor das pessoas e fazer com que elas se sintam úteis e importantes. Devemos interessar-nos genuinamente pelos outros e pelos seus interesses. As relações que construímos não devem ter como base o interesse em obter algum resultado. Pelo contrário, quando construímos uma relação com alguém devemos primeiro pensar de que forma é que podemos ajudar o outro. Por isso, não devemos recorrer aos nossos contatos apenas quando precisamos deles, mas devemos construir relações antes de precisarmos do que quer que seja. Tratar os outros como potenciais amigos e não como potenciais clientes ou como quem traz benefícios.
4. Fazer follow-up
Ter uma grande lista de contatos com muitos nomes de nada serve se não mantivermos contato com todas essas pessoas. Por isso, devemos fazer o follow-up desses contatos com alguma regularidade. Viu um livro e lembrou de alguém? Fazer contato e indicar. Vai para uma cidade onde tem alguém que conhece? Marcar um café ou almoço. Vai sair em férias e alguém já esteve no destino? Ligar para pedir indicações. Voltou de um congresso ou evento? Ligue ou mande uma mensagem falando sobre algum assunto em comum, pois de nada serve uma pilha de cartões de visita sem contato. Ter um objetivo de falar com pelo menos uma ou duas pessoas da rede de contatos conhecidos por semana.
5. Tratar todas as pessoas por igual
Tratar todas as pessoas com respeito e boa educação. Ninguém é alguém sozinho, todos precisamos da ajuda de alguém para alcançar um determinado objetivo e todos podemos ter um papel importante na vida de outra pessoa. Podemos ajudar e ser ajudados. E como tratamos as pessoas determina quem somos. Não buscar só “gente de valor”. Todo tem algo interessante pra contar. Dos lugares, pessoas e conversas mais inusitadas surgem grandes aprendizados e ganhos.
6. Ter um mentor
É fundamental sermos guiados por mentores, alguém que nos ensine constantemente não só a nível profissional, mas também a nível pessoal sobre como lidar com as pessoas. Devemos contar com alguém que tem a experiência de vida que nós ainda não temos e que pode nos encurtar caminhos. Todos nós, desde a infância, aprendemos pela repetição e com a experiência de quem nos ensina e mostra como trilhar esse caminho.
7. Viver a vida pessoal e a vida profissional numa só
Não precisamos de viver as duas separadamente para conseguirmos ter sucesso em ambas. Até porque todos saímos a ganhar se conhecermos mais pessoas, fazendo elas parte do nosso núcleo familiar ou não.
8. Ser persistente
Se queremos alcançar os nossos objetivos não podemos nunca desistir. Se queremos contatar alguém que não é de fácil acesso, temos de enviar e-mails, ligar para a secretária da empresa, fazer o follow-up do contato ao fim de x tempo. Buscar o contato através de um terceiro mais próximo.
9. Gerar laços emocionais
Há alguns assuntos em especial que podem gerar laços emocionais: saúde (ajudar alguém a ultrapassar um problema de saúde), dinheiro (quando se tem um impacto positivo na vida de alguém), filhos (quando se manifesta interesse sincero pelos filhos de alguém), lembranças de infância que tenham em comum. Estes são temas que podemos ter em conversa até com pessoas que não conhecemos tão bem, mas que geram conexão.
No livro “Nunca almoce sozinho”, Keith Ferrazzi[3] orienta como ampliarmos a rede de contatos sem cair na velha imagem do desesperado por distribuir cartões:
· Ajustar nossa atitude para sermos mais proativos para construir rede de contatos;
· Estabelecer networking antes de precisar dele, e não o contrário;
· Mostrar interesse pelas pessoas como seres humanos, não como meios para obter algo;
· Manter contato frequente com as pessoas, não só quando precisamos delas;
· Criar relações com mais conexão com as pessoas;
· Valorizar nossos mentores que nos guiam pelo caminho;
· Retribuir aquilo que recebemos.
Para construir uma rede de contatos e boas relações, é preciso ser interessado e não interesseiro. Precisamos primeiro ser pessoas melhores para então termos relações melhores.
[1] GRANT, Adam. Dar e receber. Ed. Sextante, 2014.
[2]Teoria dos seis graus de separação: https://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_dos_seis_graus_de_separa%C3%A7%C3%A3o
[3] FERRAZZI, Keith. Nunca almoce sozinho. Ed. Atual, 2015.
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